quinta-feira, 3 de março de 2011

UN PEQUEÑO REGALO DE BIENVENIDA ( traduzido )

A primeira vez que fui ao Museu do Prado foi numa gélida manhã madrilena, com temperaturas negativas e um frio glacial que atravessava os ossos.
            As recordações que se agrupam na minha mente desta primeira visita, antes de entrar no museu, estão relacionadas exclusivamente com o frio, um frio inclemente que convertia em um acto hostil o simples facto de respirar.
            Se calhar de alguma forma este ambiente implacável condicionou o meu estado de espírito e apesar  da alegria que me embargava por ver com os meus próprios olhos algumas das obras que conhecia de ver nos livros, subjazia em mim una sensação de desalento.
            Depois de ver aquela sequência inacreditável de grandes génios da pintura e de muitas das suas obras mestres, vi um quadro que me impressionou profundamente, o que mais me emocionou de todo o museu e que incluso hoje em dia posso dizer que é o quadro que mais me comoveu de todos os que vi, reconhecendo antes de mais nada que este pintor ou os seus quadros não eram os que eu ansiava ver.
            E este pintor que não estava entre os meus favoritos era Bosch e este quadro que a partir de esse dia se converteu para mim, quase em uma obsessão é O Jardim das Delicias.
            Este quadro é um tríptico e o meu primeiro pensamento ao ver a parte que se situa na esquerda, denominada “O Inferno” foi “parece um quadro de Dali”, e que perdoem os especialistas se esta ideia possa parecer quase um sacrilégio.
            Mas não é possível que este quadro se pareça a Dali porque entre outras coisas foi pintado a finais do século XIV, 400 anos aproximadamente do nascimento do famoso pintor catalão.
            Para quem não tenha visto nunca o quadro, como já foi dito anteriormente, esta composto por três painéis, o primeiro onde se mostra o paraíso terreno, o painel central que é muito mas grande que os laterais e em que no sei bem, si representa o paraíso perdido o um tratado das coisas que o homem no pode fazer senão quer acabar no último painel, é dizer no inferno.
            Aconselho vivamente a ver este quadro e se não é possível em vivo, ver-lho em algum livro ou em Internet, em relação ao painel central, estou seguro que acicatarei a vossa curiosidade ao dizer que tem diferentes cenas com nomes tão sugestivos como “A Cavalgada da Luxúria em Torno à Fonte da Juventude” “Labirinto da Voluptuosidade” o “A Fonte do Adultério”.
            Mas a mim o que me deixou sem palavras e sem respiração foi a parte do inferno, e seu sem fim de castigos, suas personagens e cenas algumas sem sentido, quase surrealista, a dor, as cores obscuras na distancia… 
Enfim, constitui um todo que provoca no espectador ou pelo menos em mim provocou una sensação de angústia, de desespero.
 A partir desse dia todo o que tenha relação com Bosch se converteu em um dos meus temas de interesse
Há umas semanas, quando estava a folhear um livro que tenho de Bosch, qual foi a minha surpresa quando me reparei no nome do museu donde estava uma das suas obras, “As Tentações de São António”, pois resulta que este museu é o Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, e resulta que este museu está a menos de 10Km da minha casa.
Este domingo foi ao museu e ali vi o quadro de “As Tentações de Santo António” que sem ser tão extraordinário como “O jardim das Delicias” também é um quadro formidável onde também aparecem personagens assustadores e onde também se pode apreciar esse ambiente especial e terrível deste pintor.
Fiquei outra vez extasiado ao ver um quadro de Bosch
Ir ver este quadro…

1 comentário:

  1. Entendo antes de mais agradecer e louvar a presente iniciativa de unir duas culturas de tão elevada importância universal como a que constitui essa tão ancestral Ibéria, fruto do cruzamento de tantas outras culturas que imprimiram uma expressão cultural única nestes dois Países, por nós actualmente conhecidos como Portugal e Espanha.
    Seguidamente felicito a presente comunicação, direi mesmo, reflexão de índole quase poética, acerca de tão ilustre representante da pintura do período gótico tardio.
    Com efeito, recentemente tive a oportunidade de vivenciar uma curiosa troca de ideias em que, retorquindo eu em resposta o quanto admirava Bosch, o meu interlocutor retorquir-me “Eu não estou a falar de Bosch, estou a falar de El Bosco”. Aproveito assim, se me permitem, elucidar as ostes quanto a este tema.
    Hieronymus Bosch, pintor e gravador holandês que viveu entre os séculos XV e XVI, também conhecido como Jeroen Bosch, era efectivamente um pseudónimo de Jeroen (ou Jheronimus) van Aeken (Hertogenbosch, 1450/1516). Bosch, primando pelo relato de cenas apoteóticas (sem dúvida influenciado pelos rumores de um Apocalipse próximo, decorrido por volta de 1500), abordou os conceitos católicos de então sobre pecado e tentação, e a eterna guerra entre o Bem e o Mal e os castigos divinos que nos aguardarão aquando do Juízo Final, fazendo quase que uma elocução caracterial dos valores veiculados pela “Santa” Inquisição” (a qual o perseguiu alegando práticas ocultas), recorrendo de forma única, pela utilização de figuras simbólicas e caricaturais, absolutamente originais e até mesmo demasiadamente obscuras para a época.
    Pela excepcionalidade artística e conteúdo fantástico, acredita-se actualmente que as obras de Bosch terão sido a génese do movimento surrealista do passado século XX e influência primordial nos mestres Ernst e Dali.
    Segundo o que é veiculado (porque no que se refere à Arte, há sempre um mundo invisível paralelo), apenas chegaram aos nossos dias cerca de quarenta obras suas, entre a Europa e os Estados Unidos da América, sendo unânime que a melhor e maior colecção para estudo da sua obra se encontra em Madrid, no Museu do Prado.
    Mas porque falo eu de Bosch se o presente blog fala de El Bosco? Porque efectivamente, ao passo que em (quase) toda a Europa, Bosch é Bosch, em Espanha este pintor é conhecido como “El Bosco”.
    Sabe-se que os primeiros críticos de Bosch, pelo menos actualmente conhecidos, foram os espanhóis Guevara e Siguenza. Não obstante, entende-se que a elevada abundância de pinturas de Bosch na Espanha, pátria esta que o adoptou e até o mesmo fez com o seu nome, adaptando-o, é explicada pelo facto de Filipe II de Espanha, I de Portugal, ter coleccionado avidamente as obras do pintor e, como tal, podemos especular, as ter legado a ambas as nações posteriormente, o que pode explicar o aparecimento, entendo eu, da obra “As Tentações de Santo Antão” no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, a qual, dizem, não estar claro como a mesma apareceu em Portugal (para mim parece-me óbvio que D. Filipe I de Portugal se fez acompanhar por uma das suas obras favoritas para, como direi, se sentir em casa e “abençoar” a sua conquista e futuro reinado. Mas isto é apenas uma convicção minha, não é efectivamente o que é historicamente referenciado).
    Espero que esteja desfeita a dúvida quanto ao busílis da questão El Bosco/Bosch e que, sem dúvida, me seja explicada mais tarde a existência de tal tradução...
    À laia de despedida, mais uma vez os meus agradecimentos por esta fantástica intervenção, por este espaço de reflexão provocativa e os meus votos para que o mesmo prevaleça!

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