quarta-feira, 6 de abril de 2011

A MORTE FISICA

A definitiva, o fim, a que significa uma perca física para sempre, custa, dói, e na maioria das vezes é irreparável.
Só valorizamos a vida quando “vivemos” a morte.
Só quando deixamos de “a ter” valorizamos tal facto.
Só quando pensamos no que já tivemos, no que já vivemos, existe termo de comparação e a valorizamos.

A morte dói sempre muito, seja ela previsível ou inesperada.
Não há preparação possível para a morte!
Não há preparação possível para a perca, especialmente, se esse “alguém” nos faz falta a nós ou a algum dos nossos.

Fui confrontado à uns anos com alguém que me disse ”…prepara o lpas que a mãe está por horas, mas, não sei como se prepara uma criança para a morte da sua mãe…”!
Digo eu : não se prepara ninguém para morte de alguém.
Ninguém está preparado para a morte, muito menos uma criança.

Existem duas crianças!
Uma tem a mãe viva, outra não.
Uma é feliz e completa, outra tem um grande vazio na sua vida.
Uma chora porque queria o colo da mãe, outra chora porque queria a existência da mãe.
Uma chora porque fica na escola enquanto a mãe vai trabalhar, a outra chora na escola porque os colegas gozam que a mãe morreu.

A “vida vivida” vai-nos tornando mais fortes, mais resistentes, mais conformados, com os factos naturais da nossa existência, entre eles, a morte. Quando somos adultos temos naturalmente maior número de resistências e de alternativas para contornar essa perca, o que não quer dizer que estejamos melhor preparados e que o sofrimento seja menor.
A perca que significa a morte do nosso porto de abrigo é irreparável, e  só “saberemos” as reais consequências alguns anos mais tarde.
A vida é muito ingrata, mas, estar vivo, é um privilégio que temos que saber aproveitar!

Mais! Tudo aquilo que pode ficar por dizer a quem perdemos é irreparável. Ou temos o nosso interior em dia, ou, em todos os segundos da nossa vida, corremos o risco de ficarmos com algo por dizer, algo por fazer...para com alguém.
Todos nós conhecemos alguém que após uma perca nos disse que gostava de ter dito...que gostava de ter feito...que...
Tento todos os dias não ficar a dever nada a mim próprio.
Tento todos os dias minimizar a perca da tal criança.
Tento todos os dias ter o meu coração mais aberto para o outro.

Enfim, não sei se consigo, mas, tento todos os dias viver como se fosse o último, com todos aqueles que amo!